quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Espiritualidade e Saúde

Práticas como oração e meditação tornaram-se um alvo cada vez mais freqüente de pesquisadores da área da saúde. Em vários países eles têm investigado os efeitos da fé sobre o organismo humano. Mais da metade (56%) dos profissionais entrevistados nos Estados Unidos disse acreditar que a religião e a espiritualidade têm uma influência significativa na saúde dos pacientes. A explicação talvez esteja no fato de que indivíduos com fé possuem uma rede social mais forte, têm um sentido de vida que as ajuda a viver melhor, com mais esperança e com uma atitude mais positiva.

“Antes de partir para Little Rock, ganhei dois livros: a Oração de Jabez presenteado pelo Tiago, grande amigo dos tempos universitários e Como tomar posse da Bênção, por Floriano Galeb, do Escritório de Advocacia Augusto Prolik. Eu os li e foram para mim, conforto e revelação. Minha mãe, eu sabia, rezava todos os dias, de manhã e à noite, velas acesas. Ela também costuma meditar. Acho que grande parte de minha fortaleza provinha de sua serenidade e otimismo, tirados de sua profunda fé. E também da rede de orações formada por familiares, amigos e até de pessoas que nem conhecíamos. Devido à minha mãe pertencer a uma entidade chamada URI –United Religions Iiniciative, ligada à ONU, e que abriga nesta sigla pessoas das mais variadas religiões, crenças e fés do mundo, pude desfrutar do amparo de Deus, de Alá, de Buda, de Maomé, de Brahma, de orixás e xamãs. Cheguei à conclusão de que não importa a crença nem se ela envolve um deus: o efeito da fé sobre o organismo humano existe.” – Bia

Corroborando a Bia, o renomado médico americano Herbert Benson, de Harvard, ao longo de 30 anos de pesquisas, relata em seu livro Medicina Espiritual que crer firmemente em algo, sobretudo em uma força superior, produz um efeito altamente benéfico sobre a saúde física. Diz ele: Em minhas observações científicas, aprendi que não importa o nome atribuído ao Absoluto Infinito que cultuamos, não importa a teologia com que nos identificamos, os resultados de acreditar em Deus são os mesmos.

Rafaela Calixto e sua mãe Izamar são unânimes também em afirmar que a fé inabalável em Deus continua sendo a grande sustentação, durante esses 25 anos, para vivenciar com menos estresse a mais de 270 ocasiões em que tiveram de se expor a intervenções cirúrgicas.

A bióloga Elisa Harumi Kozasa, do Departamento de Psicobiologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), desenvolve estudos sobre como a meditação pode auxiliar no tratamento de ansiedade, e integra o Mind and Life Research Institute (Instituto de Pesquisas da Mente e da Vida), um encontro internacional que reúne neurocientistas, físicos quânticos e budistas, e conta inclusive com o Dalai Lama desde 1987.

Assegura Elisa que a meditação já vem sendo usada no mundo ocidental, com êxito, para tratar a ansiedade, a hipertensão e doenças cardiovasculares. E, se aplicada a níveis mais profundos, poderá ser o caminho que, além de melhorar a saúde física das pessoas, oferecerá um alimento para o espírito, para aprendermos mais sobre nós mesmos, independentemente da presença da religiosidade.

Uma pesquisa brasileira, coordenada por Carlos Eduardo Tosta, pesquisador do Laboratório de Imunologia da Universidade de Brasília, evidenciou a ação de orações feitas por religiosos sobre as células humanas. A pesquisa foi realizada com 52 voluntários, estudantes de medicina da universidade e o resultado revelou que um dos principais mecanismos de defesa do organismo – a fagocitose – pode ser estabilizada por meio de preces. A cada semana, uma dupla fornecia amostras de sangue e respondia a um questionário sobre estresse. Um desses voluntários tinha sua foto encaminhada a dez religiosos de diferentes credos, que semanalmente faziam preces para aquela pessoa. A metodologia adotada impedia que Tosta e os estudantes soubessem quem recebia as orações para evitar a auto-sugestão.

A análise dos exames de sangue feita após a semana de preces revelou que os resultados daqueles que haviam sido objeto das orações dos religiosos apresentaram maior estabilidade dos fagócitos em comparação com os seus exames anteriores. O experimento foi feito posteriormente com o grupo de alunos que não havia recebido as preces num primeiro momento e o fenômeno foi novamente observado.

Igualmente o cardiologista Randolph Byrd observou 393 pacientes da Unidade de Atendimento Cardíaco do Hospital Geral de San Francisco, sob o efeito da oração a distância, feita por vários grupos de oração domiciliar.

Os 393 sujeitos foram divididos num grupo de 192 pacientes que receberam orações feitas por quatro a sete pessoas diferentes e um grupo de controle de 201 pessoas que não receberam o benefício da oração. Médico e pacientes não sabiam a qual grupo pertenciam. Byrd concluiu que o efeito da oração, mesmo a distância, foi notavelmente positivo. Por exemplo, os pacientes que receberam orações precisaram ingerir cinco vezes menos antibióticos e demonstraram propensão três vezes menor de acumular líquido nos pulmões, o que estatisticamente é muito significativo.

A essas comprovações, junte-se o estudo do psiquiatra Alexander Moreira, coordenador do NUPES – Núcleo de Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora. Ele enumera uma série de benefícios que podem estar associados à espiritualidade: menor freqüência de sintomas de depressão, melhores índices de otimismo, boa autoestima, menos comportamentos de risco, menos uso de drogas, álcool e cigarro, maior expectativa de vida e mais bem-estar, melhor funcionamento do sistema imunológico, maior facilidade para enfrentar e lidar com problemas e menos estresse.

Concluindo: rezar alimenta e cura os corpos, independentemente de denominação religiosa ou teologia. Podemos acreditar em Deus de uma maneira silenciosa, introspectiva ou em voz alta, e de qualquer forma, iremos colher recompensas de cura.

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