O tato, a carícia essencial, freqüentou nossos dias em Little Rock.
“Recordo-me, mesmo sob efeito da morfina, das massagens que minha mãe me fazia nas mãos, nos braços, nos pés e pernas para evitar embolias; do aroma do óleo de lavanda com que perfumava meu corpo durante os dias de leito no hospital, pois fiquei 15 dias sem poder tomar um banho de verdade; do constante “limpar rosto e olhos” com um paninho macio; do toque mão na mão, dos penteados, do corte das unhas, dos banhos de imersão preparados com essências florais, logo que pude desfrutar deles. E da delicia de sentir na pele um creme perfumado e refrescante. Do calor e ternura do abraço e do beijo de boa noite. Todos esses momentos foram muito importantes no meu processo de recuperação”. – Bia
Nas minhas pesquisas para encontrar respostas a por que o toque, o tato, a carícia são essenciais para o processo de cura, descobri que eles exercem um papel fundamental em nossas vidas. De fato, estudos médicos revelaram atraso no desenvolvimento psicológico e físico das crianças privadas do contato físico, mesmo que estivessem bem alimentadas e cuidadas. Também comprovam que bebês prematuros, massageados, ganham 50 por cento de peso mais rápido dos que não o são, choram menos, possuem temperamento melhor, são menos irritáveis, dormem melhor e apresentam menos apnéias.
E mesmo depois, adultos, ainda somos tão carentes da carícia essencial, que procuramos inconscientemente profissionais do toque – médicos, cabeleireiros, massagistas, professores de dança, cosmetólogos, barbeiros, ginecologistas e pedicures, só para lembrar de alguns. E freqüentamos empórios de tato: discotecas, salões de dança, banca de engraxates ou casas de banho. E recorremos ao médico, ao fisioterapeuta, ao quiropata, ao profissional do shiatsu ou de reiki para sermos tocados, apalpados, ouvidos, inspecionados e manuseados quando sentimos que o corpo como um todo não está bem.
O simples toque amoroso que alguns chamam de terapêutico – um abraço, mãos dadas, um beijo no rosto – pode melhorar a saúde das pessoas. Está provado que ele diminui significativamente as dores pósoperatórias e a medicamentação analgésica; que reduz em 90% a dor de cabeça derivada da tensão; e que ameniza a ansiedade de pacientes hospitalizados por longo período.
Tocar é tão terapêutico quanto ser tocado: a pessoa que concede o toque é também simultaneamente beneficiada.
E já que o toque é tão essencial...
Massageie gentilmente o corpo do Cuidado com cremes hidratantes ou refrescantes. A massagem estimula a circulação, dilata os vasos sangüíneos, relaxa os músculos tensos e limpa as toxinas do corpo por meio do fluxo linfático.
Dê banhos de imersão, se possível. Coloque espuma de banho com aromas refrescantes e confortadores, como o de lavanda, por exemplo.
Lave os cabelos de Cuidado e penteie-os de forma bonita e, quem sabe, até diferente, para diversificar o dia.
Se o cuidado for mulher, maquie-a. Se for criança, tatue-a, pinte-lhe o rosto com tintas especiais!
Vende os olhos de Cuidado e faça-o adivinhar os objetos que toca. Se for adulto, alguns que lembrem momentos inesquecíveis. Se for criança, os brinquedos prediletos. E que tal trazer-lhe animais? O seu cão ou gato de estimação?
Escreva cartas com o Cuidado. Cartas para colocar no correio, com o ritual de escrever, dobrar, colocar no envelope, sobrescritar e selar, se possível. Se não, reserve a Cuidado algo que lhe possibilite sentir-se útil nesta tarefa.
Recorte jornais locais com as notícias interessantes ou pitorescas, charges, comentários diversos. Eu costumava fazer isso quando estava em Little Rock. Só o fato de estar envolvido em recortar, escrever, dobrar papel e endereçar já é um grande exercício. E um ótimo envolvimento.
Prepare presentinhos para enfermeiros, médicos residentes, faxineiros. Peça a Cuidado para ajudar a comprá-los (se isto for possível). Ou peça-lhe ajuda para embrulhar, sempre com papel muito colorido e de diferentes texturas. Delegue-lhe a tarefa de presentear.
Tenha sempre roupas com texturas agradáveis e cores alegres, para vestir Cuidado e você. E veja como a roupa é importante: meu avô, no seu leito de morte, perguntou à minha avó, tocando o tecido de seu vestido: “Por que não veste coisa melhor? Não capriche tanto na roupa dos filhos!” No seu delírio, meu avô não percebeu que ela vestia um tipo de seda ligeiramente rugosa, e muito cara.
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